senhorita chuva
me concede a honra
desta contradança
e vamos sair
por esses campos
ao som desta chuva
que cai sobre o teclado parem
eu confesso
sou poeta cada manhã que nasce
me nasce
uma rosa na face parem
eu confesso
sou poeta só meu amor é meu deus eu sou o seu profeta um dia
a gente ia ser homero
a obra nada menos que uma ilíada
depois
a barra pesando
dava pra ser aí um rimbaud
um ungaretti um fernando pessoa qualquer
um lórca um éluard um ginsbergpor fim
acabamos o pequeno poeta de província
que sempre fomos
por trás de tantas máscaras
que o tempo tratou como a flores
Paulo Leminski Filho
(✩ 24/08/1944 — † 07/06/1989)
Autores Clássicos no Luso-Poemas