Flor minha, porque tantas vezes te deixei ao relento das minhas indisposições, como fui capaz de te deixar debaixo da chuva melancólica se sempre tive um aconchego desejoso por te ter e farto de te sonhar?
Fecho-me agora, no quarto… naquele quarto outrora mágico e envolvente… hoje choram as paredes o teu nome… hesita-me, recusa-me a cama… como pude eu levar todo o belo ao seu avesso?
Do que me valeu falhar se volto a perder?
Hoje, leio-te com outros olhos, com os olhos de uma menina que quer crescer a teu lado. Admiro-te e sei que te entendo apesar de não querer que o meu sonho se converta no pesadelo mais temido…
Amor meu, como pude eu, como pude eu? Deixar-te a desflorar, sem sequer me aperceber de que ficarias sem forças para mais… como pude eu ser tão egoísta e mandar a nuvem chorosa que me avistava à muito, recair sobre ti.
Hoje, escoam assim melodias, em tempos nossas alegrias, desafinadas em tons melancólicos.
Chamaste-me anjo, amor e como quero provar-te de que o sou mas, as minhas asas não brilham mais… compostas de tanto por te dizer… querem soltar-se mas as palavras agora são escravas do mal que te fiz.
Meu amor, estou aqui o escuro não me engole na tua presença, vou mantendo a vela da minha fé acesa para que me encontres quando voltares.
Como me arrependo e como é tão amargo este sabor, de saber que te neguei sorrisos, que fiz de ti uma sereia de mares selvagens, enfurecidos de correntes fortes e instáveis.
Nunca senti o Apocalipse tão perto como agora… O centro da minha gravidade acabo te abalar, trocando-lhe o seu magnetismo.
Só quero que ainda me sintas, porque estou e sempre estarei em ti.
As paredes agora fazem-se gritar, estilhaçam e levam nos seus gritos eloquentes, retratos que pintei de olhos cerrados.
Só sei dizer, sentir, ver que te amo.