Menino Roberto, deve ter uns sete anos. Ninguém realmente sabe como conhecê-lo, singularmente especial, talvez um desses personagens estranhos. Na casa em que morava, poderiam haver todas as dores e em Roberto, havia fantasia pouco explorada. Ele via, sabia, o que estava por vir, de algum modo. A inocência presenciando aventuras, povos amedrontados, catástrofes, vozes, gritos, sentimentos e a grande chuva, que ele se perguntava se poderia destruir seu lar. O pai, tão perto, tão distante, afeto afetado, qual a chance deles? Criança, criança, pequenez que necessita de um abrigo para crescer. Brilhantes olhos azuis, veja o que pode fazer a si mesmo, no ínicio da vida ainda. As cenas de sua mente, parecem tão reais, como se Roberto fosse o herói (ou a vítima?) de tramas épicas. A casa, a família, agora são o mundo. O que o menino vai levar, se houver salvação? A chuva intensa, realmente devastará? Roberto abraça o pai, traz-lhe o jornal, senta-se alegre ao lado dele. Eles têm apenas um ao outro, a distância deve diminuir, pr'o coração se acalmar. Enquanto Roberto viaja solitário, mundo afora, dentro de si mesmo, tenta dar algum sentido diferente ao tempo calmo que resta, pois, em seu íntimo, algo amedronta inicialmente, mas talvez haja um recomeço, depois que a forte chuva cair.
*Inspirado em "A Hard Rain's a Gonna Fall", de Bob Dylan.