Por muitas vezes, diante de circunstancias desfavoráveis, somos levados a tomarmos decisões que não condizem com o nosso desejo. São muitos os momentos em que a razão sobrepõe a emoção, são muitos os fatos que conduzem a comportamentos indesejados e, tudo isso causa frustrações, cicatrizes tão profundas quanto àquelas causadas por corte de navalha. É a vida, feita de escolhas, por vezes dolorosas.
Era noite, quase madrugada, eles conversavam lentamente, a frieza de suas falas comparava-se ao frio do inverno russo, ela tremia de calor, seu peito palpitava, estava ansiosa, pressentia que as próximas palavras não seriam aquelas que gostariam de ouvir, ele cuidadoso ao falar, sabia que ela estava triste, que esperava mais, que ansiava por sua presença, por seu amor.
Ele tomado pela dor da covardia, impulsionado por circunstâncias tétricas, por forças indescritíveis, haveria de renunciar àquela que tanto deseja, que amava até.
Depois de muita conversa, sem nexos, começa então a caminhada ao calvário que aquelas palavras os levariam, de maneira lenta e dolorosa ele expressa a ela que não a desejava, que continuariam juntos e que os sonhos outrora almejados, caiam por terra naquele momento. Como haveria de ser, ela questiona-o incansavelmente, deseja detalhes, razões para aquela decisão tão sem razão. Ele apenas dizia que seria melhor assim, que essa era a sua decisão, propôs que ela aceitasse, sem questionamentos, para que assim as dores fossem menores. Ela deixa cair sobre o vestido branco a gota de lágrima de sua tristeza. Ele sai lentamente e deixa cair ao chão a dolorosa lágrima da razão.