Assim como o vento adentra pela mata
E toma de assalto a calma do momento.
Assim como a fragata consegue seu intento
E o peixe, num mergulho, ligeiramente cata.
Assim como a semente explode num rebento,
E o cerne do silêncio, o ruído desacata.
Assim como o remanso irrompe em cascata,
E o vulto d’um desejo invade o pensamento.
Assim também me chega desvelada, nua,
Distraidamente, ao clarão da lua
E faz com que, do belo, eu não me faça isento,
Às íris dos meus olhos, essa imagem clara
Intensa, deslumbrante, talhada em carrara...
Grato torvelinho...um arrebatamento.
Frederico Salvo