é o destino.
outros dizem: sorte, ou falta dela. dizem que o caminho já está aberto, prédefinido. então para que serve a escolha, o livre-arbítrio, o arrependimento e o remorso?
seja o que for, Luís mudou.
entrou no bar e escolheu a mesa da esquerda.
a noite estava animada e ele sentia-se eufórico.
Ana, rapariga nos vinte e dois, corpo cheio de energia e capaz de tirar toda a energia a quem quer que fosse, foi atende-lo.
que desejas?
desejo os teus olhos, disse Luís.
e para que os queres tu?
vem comigo e eu digo-te.
não perdes tempo, riu-se Ana.
Luís bebeu, riu, saltou e dançou.
ao sair virou-se e acenou a despedida e viu os olhos verdes de Ana sorrir-lhe um adeus.
às quinze e vinte e três do dia seguinte tocaram-lhe à porta. Luís deparou-se com uma pequena caixa de cartão, deixada na soleira.
tinha escrito na tampa, em letras negras:
tens mais dois desejos
escolhe-os bem
Luís abriu a caixa e viu o verde de dois olhos que já não tinham tempo.