Hoje escrevo bem menos do que gostaria.
A poesia que é a minha vida,
está adormecida,
ou talvez escondida, feito uma bandida,
nos intertícios e orifícios de minha alma.
Não sinto raiva nem mágoa.
A madrugada e a lua ainda são minhas companheiras,
amigas verdadeiras,
das incertezas do meu caminho.
Meu corpo de muitos pecados e poucas preces,
já não me obedece,
é lento como uma procissão.
As cordas do meu violão estão tristes,
magoadas,
abandonadas no canto da sala.
Os dedos de minhas mãos de tantas labutas
pelo pão de cada dia,
estão confusos,
só seguram e afagam nuvens de algodão.
Estou de mala pronta para a minha viagem.
Ouço duelo de anjos e demônios.
Salavancos do meu inconsciente,
mas sigo em frente.
Doente só meu corpo,
não minha mente.