Percebo alguns móveis perdendo o brilho,
O canto esquerdo da sala tem teias de aranhas.
O piso de madeira parece indisposto há anos,
Talvez tenha telha quebrada, além da porta com seu ranger.
Não sei. Acredito que não faço mais planos,
Se fizesse, seriam, provavelmente, tortos.
Decolo. Até consigo voar, mas não sei descer.
Percebo, às vezes, a minha total ausência de pensamento.
Frases, fotografias, faces sorridentes ou não,
Por mim passam e aceito como são, ainda que me rejeitem.
Desde o momento, compreendo melhor o violão
E ele a mim.
Nele não há qualquer utilidade sem minha presença. Feito para canhoto.
Além disso, como os outros, precisa integrar para existir de fato.
Os fatores se completam e não é necessário qualquer plano.
Não estou certo, mas quando volto, creio que ela sente o mesmo.
É como algo que vai acontecer. De qualquer maneira.
Então não há motivo para ansiedade, sofrimento ou pressa.
E novamente sinto o pensamento ausente. Apenas aceito.