, esse sinal tem causado-me arrepios, ultimamente tenho pesadelos com essa "coisinha", por vezes ela adentra meu sono tranquilo e transforma-se em grande monstro usurpador da segurança alheia, ai, acordo apavorado e a insônia me toma por inteiro, enxergo o raiar do dia a pensar na vírgula.
Não tenho o menor controle sobre ela, tentaram me ensinar como usá-la, não aprendir e, hoje pego-me em desacordos com a norma culta, pois sempre falta uma aqui ou têm demais ali, usá-la com sabedoria, coerência e coesão não é o meu forte, perco de goleada para ela, na verdade, nunca a venci, se já acertei, em algum vão momento, sua real posição e sentido, foi por mera sorte, por intuição, diria um amigo meu. Posso citar alguns caras que a colocavam muito bem: Machado de Assis, José de Alencar, José Saramago (o rei das vírgulas), Gabriel Garcia Marques e muitos outros, vírgula eu.
Que coisa complicada, se não usarmos com sabedoria poderemos matar o rei ou destruir um relacionamento ("matar o rei não é pecado"; matar o rei não, é pecado"; "não te amo"; "não, te amo"), mas isso são apenas ensaios, ensaios dos enormes estragos que uma vírgula pode causar. É engraçado como coisas pequenas tendem a causar grandes estragos, já pensou nos vírus?
Será que usar a vírgula é fácil e o problema está em mim, será que sou um ogro?
Vírgula! Existe um verbo para isso, para usar vírgula? Virgular, é isso, deve ser. Então, eu virgulo, tu virgulas, nós virgulamos..., ele Virgulino. Será que Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, virgulava bem, se considerarmos as vírgulas como tiros certeiros na coerência e coesão de uma escrita, o Virgulino virgulava bem, afinal de tiro, o cabra da peste sempre foi bom, enquanto eu, obsoleto que sou, não virgulo, nem atiro.