Poemas : 

Os Olhos da Minha Infância

 
Os Olhos da Minha Infância



Nem quando o sol cansado do dia,
Procura abrigo no alto das árvores,
Até poder pular lá a beirinha do céu,
Para encolher-se,

Nem quando vejo os trieiros sinuosos
Rendas caprichosas tecidas nos pastos,
Ou sinto o perfume das damas da noite,
A abraçar as casuarinas marulhando ao vento,
Nem quando ouço o êia distante,
Dos vaqueiros tangendo de tarde,
Os bois para o curral,
Ou quando bandos de maritacas,
Matraqueiam dançantes prosas pelo pomar,
Nem quando a areia branca, prenhe da lua,
Faz um tapete para o abrir das porteiras,
Ou quando as borda do açude,
Espumosas acolhem girinos ligeiros,
Nem quando o berrante chora,
Ondulantes canções em vibrato...

Nem assim os meus olhos encontram
Aquele sol, os rendados trieiros,
Os vaqueiros, as maritacas,
Dos olhos da minha infância.


 
Autor
Paula Baggio
 
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