Os Olhos da Minha Infância
Nem quando o sol cansado do dia,
Procura abrigo no alto das árvores,
Até poder pular lá a beirinha do céu,
Para encolher-se,
Nem quando vejo os trieiros sinuosos
Rendas caprichosas tecidas nos pastos,
Ou sinto o perfume das damas da noite,
A abraçar as casuarinas marulhando ao vento,
Nem quando ouço o êia distante,
Dos vaqueiros tangendo de tarde,
Os bois para o curral,
Ou quando bandos de maritacas,
Matraqueiam dançantes prosas pelo pomar,
Nem quando a areia branca, prenhe da lua,
Faz um tapete para o abrir das porteiras,
Ou quando as borda do açude,
Espumosas acolhem girinos ligeiros,
Nem quando o berrante chora,
Ondulantes canções em vibrato...
Nem assim os meus olhos encontram
Aquele sol, os rendados trieiros,
Os vaqueiros, as maritacas,
Dos olhos da minha infância.