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na escuridão do corpo

 
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não tirem o vento às gaivotas - sampaio rego sou eu


não há caminho diferente – a escolha foi feita no tempo em que as palavras não sabiam eliminar a esperança – o tempo andou – agora. agora a escolha é saber por qual das bermas faço caminho – a esperança é para outras vidas. noutro espaço – há dias em que caminho contra os carros. outros dias. quando a ilusão é doença. caminho a favor dos carros – alguns levam pessoas em silêncio. outros. só o rádio abafa o silêncio das faces pedra. conformadas – caminho – sempre me disseram que a vida se faz a caminhar – caminho então – ainda é possível acreditar na estrada? não – não acredito em estradas em que uns vão para lá e outros vêm para cá – se não há dois mundos não pode haver dois sentidos para se chegar a um fim – fim é morte e morte é descanso – hoje quero acreditar que o fim é mais fácil por este caminho. por este lado da rua. caminhando atrás deste carro preto com gente aos berros – vou por aqui. sei que o precipício é maior e o corpo voa antes de dizer uma única palavra de salvação – não há arrependimento – sempre quis voar – desde sempre soube que um dia iria voar

 
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sampaiorego
 
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Enviado por Tópico
freitas.antero
Publicado: 09/02/2012 01:17  Atualizado: 09/02/2012 01:17
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 Re: na escuridão do corpo
"são gaivotas. sabem tudo. andam por cima do vento"

por cima do vento.
talvez seja este o caminho deste mundo. o caminho que se una ao outro mundo. e depois ao outro. e ao outro.

ou não soubesses tu, desde sempre, que um dia irás voar.

e assim - não assim-assim mas, mais-assim - irei dormir com o vento a bater-me no rosto.



meu caro amigo, ler um texto teu é inscrever-mo-nos.

um grande abraço


Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 12/02/2012 17:16  Atualizado: 12/02/2012 17:16
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 Re: na escuridão do corpo
Meu olhar não terá altura a esse texto,
aquieto-me e desequilibro-me no ar... pois não sei voar.
E muito menos saberei agradecer meu querido. beijo