Sufoca-me a garganta,
Pelas palavras mudas, contidas
Na revolta do meu grito estrangulado,
Em nuvens negras que nos pairam
E pelos desalinhos das consciências,
Que turvam o céu azulado da verdade!
Quero ignorar os ventos frios,
Que tentam enregelar
A minha alegria e o meu sorriso;
Quero ser a urze que se finca
No chão da serenidade;
Serei mensageiro da palavra amiga
E atravessarei desertos de falsidade,
Até que o oásis da fraternidade
Se estenda a meus pés
E na sombra fresca das palmeiras,
Sob o sol flamejante da esperança
Beberei água milagrosa, elixir da vida,
E verei finalmente
Os humanos mais felizes,
Ainda que seja uma utopia,
Superarei as dificuldades,
Na miragem doce e serena
Das flores de Lótus!
José Carlos Moutinho