Por tua causa
escrevi vários poemas
te dediquei os meus versos
mesmo sem te falar
apesar de estar
frente a frente comigo
prefiro te enxergar
com os olhos da alma
e no seu olhar mergulho
sinto seu beijo longo
por mais que não saibas
te amo como nunca amei
e busco no papel eternizar
um sentimento
que na vida real
infelizmente não tenho
mas transborda em mim
e nesta hora
não sou poeta
sou apenas coração
Por tua causa
e por tudo que sinto
só falo pelo papel
o que minha boca cala
grito pelas mãos
em cada dedo, movimento
o sangue escorre
e nunca sei se são
feridas que você abriu
ou a tinta vermelha
para descrever-te
como uma declaração
amor
Hoje continuo a escrever
talvez um pouco mais triste
pois sei que meus versos
vão aonde o vento sopra
e não para onde eu quero
mas sei que neste plainar
meus versos atingem
como flechas errantes
corações que eu nem sei
ali e aqui de longe sonham
e que me pedem, tolos
para continuar a rabiscar
E me pego de repente
vendo que não foram
apenas versos, só poemas
que nasceram para ti
sem saber você gerou
um poeta errante, amador
como um espírito caído
chamado Affonso Primo
E assim como me criaste
tens o poder de me destruir
lentamente com a sua falta
assim vou indo aos poucos
assim até meu último dia
suspirarei versos pobres
rimando poesia e melancolia
mas também nunca deixarei
de rimar esperança e amor
E assim não sei mais
se sou o autor
destes poemas que faço
ou se sou apenas ator
representando um drama
que eu não escrevi
tendo em vida um papel
que é ao mesmo tempo
para mim alquimia, trasmutação
para ti, coração e poesia