Olho-me interiormente sem desdém
E percebo que há um sertão abandonado,
Minha caatinga encontra-se seca e não há arado
No trânsito em que um vácuo impede o constante vaivém.
Retirantes em meu íntimo pranteiam a devastação
Do solo infértil cuja argila é tecida de amargura,
Pincéis declamam poesia no sarau configurado da partitura
Adornando de sensibilidade as filigranas que fazem bater o coração.
Na textura da estiagem há vendavais de areia
Que dissipam vidas na ilusão que cerceia
A esperança que brota com a fecundação do solo gretado...
Volto a olhar-me interiormente sem desdém
E confisco da utopia a magia que a natureza tem
De transformar em êxtase um cenário depauperado!