Sara e o seu bloqueio do passado (uma historia de vidas passadas)
Sara era filha de um casal de muitos filhos, que moravam na aldeia, naquele tempo as mulheres ficavam em casa tratando dos filhos e da casa. O Manuel um dia teve que sair na sua moto para outra terra bem longe, onde sofreu um grave acidente e ficando no hospital entre a vida e morte.
Não teve remédio a Dona Graça teve que deixar os seus filhos nas suas madrinhas, dado que eram muitos para ficarem juntos. Entre resmungos lá foram todos eles, aflita dona Graça foi para o hospital e fica com o seu marido, dias e dias sem saber o que fazer a sua vida, segundo os médicos ele estava mais para lá que para cá.
Passaram mais de três semanas, até que Manuel melhora rapidamente com a Graça de Deus, logo estaria voltando para a casa e ver todos os seus filhos para alegria de todos.
Chegou o momento de levá-los a sua casa, entre choros e as saudades todos eles foram, todos menos uma menina a Sara a mais novinha de todos eles. Sara era um bebê com mais de dezoito meses, meio atrasada até no seu desenvolvimento, passava hora sentada chupando a sua chupeta, sempre sorria e sempre era muito calma mesmo quando ela estava toda suja, precisando ser mudada.
Os seus padrinhos ganharam-lhe muito amor, tendo só uma menina na casa e bem mais velha já entrando no ensino secundário, logo a vontade foi grande em ficar com a sua afilhada. Com alguma tristeza da mãe a Sara lá ia ficando dia após dia, até que chegou o dia que ela já dizia: - Não, eu não quero ir.
Ela cresceu feliz numa família que criou com uma verdadeira filha, sua ligação era tão grande que ela às vezes não compreendia, nem mesmo a sua cisma com a sua mãe, sempre dizia que ela apenas era biológica e a tratava pelo seu nome o que a magoava por demais.
Sara cresceu escondendo o que ela via e não compreendia, para ela era tabu falar de tudo aquilo e se o fizesse ela seria internada num hospício, por isso como era inteligente ela guardava para si tudo o que não entendia e nem compreendia, como isso ela desenvolveu uma negação a DEUS, passando a não acreditar em nada.
Melhor assim bloquear e esquecer o que via, cresceu, passou a ser mais independente, mas nunca conseguiu afastar dos seus padrinhos, eram sua maior alegria e o seu orgulho. Era com eles que ela desabafava, contava seus segredos, contava com eles quando crescida ela já se atrevia a falar no mundo dela, o mundo que ela não entendia os seus colegas invisíveis que brincavam pelo jardim, os monstros que assustavam na noite, um não acabar se situações que eles atribuíram ao seu medo de ela ser rejeitada por eles. Sara casou, formou uma linda família, a sua outra família estava envelhecendo, adoecendo aos poucos e logo a vida tratou de levá-los aos poucos, mas a Sara sentia algo estranho, ela queria lembrar-se de coisas de sua infância e estava tudo bloqueado, ela não se lembrava de quase nada e se ela era tão feliz que poderia ter acontecido para ela apenas lembrar os seus pequenos medos.
Um dia recebe a noticia que seu padrinho tinha partido deste mundo, bem ela no fundo sabia, ela o sentiu, mas não quis acreditar, alguém a chamava, mas ela sabia o que iria escutar, seus olhos choravam sem parar, queria conter as suas lágrimas, mas era impossível a dor era grande demais.
Foi ali que decidiu saber mais de si, resolvida a ir mais longe começa a ler sem parar, ter sonhos e a ver outras coisas que não dá para descrever aqui, enfim um acumular de situações estranhas, nesse tempo a sua tia adoece rapidamente, isso ainda a colocou na sua busca mais rápido ela sentia que algo deveria ser feito antes de ela partir, não sabia o que, mas ela sabia que eram relacionadas a elas as duas.
No meio a família, a sua teimosia era como a família via na sua busca, perda pura de tempo e dinheiro, mas não ela precisa de saber a verdade porque ela estava sentindo aquele turbilhão de sentimentos mal resolvidos. Um dia ela escuta falar que viria um grande medico psiquiatra, fazer regressões a sua cidade, era chegada a hora, distraída ela fica meio perdida a pensar em todo isso, escuta a voz de sua tia fraca e doente a chamar.
Estremece, olha para ela e tenta saber de quando era pequena, mas não conseguiu e falou que ia ver um medico para ajudar a lembrar do seu passado infantil.
Erro dela não era o passado infantil, esse apenas era a porta da entrada dos seus outros passados, ainda mais obscuros e tenebrosos.
O dia chegou, estava nervosa do que ia enfrentar neste novo dia, embora com medo do que iria descobrir e do que iria sentir.
Sara abriu a porta do consultório, meio nervosa, o calor se fazia sentir por todos os poros, ou era aquela sala ou ela estava ardendo de febre, o medico a olhou profundamente em seus olhos, acalmou-a e deu inicio a sua primeira sessão, sem antes fazer uma data de apontamentos que achou interessante. Ela suava de tanto calor que se fazia sentir ou seria por seu nervosismo o tempo parece que parou ali, os minutos não corriam no relógio o suor caia pelo rosto, o medico sorria tentando acalmar o seu nervosismo.
Pacientemente mandou-a deitar confortavelmente, tapando os seus olhos de qualquer sinal de luz, primeiramente a ensinou a respirar pausadamente, levando-a lentamente até ela estar bem tranqüila e ver aquela luz do seu anjo. Que linda que ela era, dizia ela, levou-a a se ver na barriga de sua mãe, chorou, sentia a sua mãe chorando de muito triste, era por causa do seu pai, mas gentilmente ele a levou até ao parto dela.
Ela se viu nascer, que estranho a sua mãe estava sozinha em casa, ela nasceu quase sozinha sem alarido, quando chegou a sua parteira apenas teve que cuidar do seu cordão umbilical e de sua mãe. Ela riu-se falou que eles diziam que era um bebê muito lindo, o doutor a levou a anos mais tarde, na sua tia, ela ria, contou das suas visões do seu amigo que brincava com ela no jardim, sem medo, depois das noite que ela via coisas horríveis, de repente ela fica calada e estremece.
O medico pede que ela descreva o que estava vendo, ela teve que descer numa grande cave que era escura e debaixo da terra, buscar coisas para trazer para cima, gritou, era outra porta, nunca a tinha visto ali.
Cuidadosamente ele a leva a entrar nessa porta, ela descreve um lugar mais frio ainda e úmido cheio de bolor, pede que ela saia dali, ela vê uma taberna, cheia de homens horríveis, mal vestidos, mal cheirosos, sem modos. De repente escuta a voz de uma mulher gritando alto seu nome. O doutor pergunta como ela se chama ela diz o meu nome é Sara também, o doutor pede que ela olhe bem aquela mulher se a conhece, chorando ela diz que sim, é a minha tia nesta vida, as lagrimas rolavam pela face, ela a queria vender a um homem horrível, vender o seu corpo, ela não queria, cuidadosamente o medico pergunta e os seus pais quem eram eles, ela responde triste, eu era a mais velha dos filhos, eles são muito pobres e me venderam a esta mulher a troco de comida e algumas moedas.
Aquela mulher me chama, tem um homem horrível do seu lado, rindo maliciosamente para mim, agarra nos meus braços dizendo que eu sou dele, tenta me arrastar, mas eu desprendo-me e corro para bem longe.
Tentando acalmar para que ela veja aquela cena toda e calmante ele a leva a ver para onde ela foi. Ela descreve que consegue sair da taverna, cai na rua, as ruas têm muitas carruagens, muito movimento, ela apenas quer fugir dali já é quase noite, corre para a rua seguinte sem parar, sua fala era arquejante, ela olha para trás e sabe que aquele homem vem atrás dela, entra em outra rua e outra ate que vê uma outra rua grande com um jardim e uma belíssima catedral com as suas portas abertas, foge para dentro dela, logo o homem entra ali também, ela vê uma escadas em caracol e as sobe uma a uma cansada mas querendo fugir daquele homem, ele era horrendo mesmo, ela se queixava com dores e já estava sangrando de tanto cair na sua fuga.
Vê as torres e a saída delas, os sinos batem as horas ela quase fica louca com o som estridente em seus ouvidos, naquele momento o homem agarra, ela fica bem de frente ao seu rosto, grita de medo. Calmamente o doutor lhe pergunta conhece este homem aqui? Nesta sua vida de agora, ela responde sim conheço e nunca gostei dele e nem a minha tia o suportava. Levou-a de novo a aquela cena, que ela descreveu de luta corporal onde ela estava perdendo já sem forças, de repente ela se consegue soltar, olha a volta e não vê por onde fugir, apenas tem a varanda que a separa da rua bem lá em baixo, sem saída ela se atira, salta sem medo abrindo os seus braços. Os olhos dela estão cheios de lagrimas, ela se descreve morta como está e se vê saindo do seu corpo, mas não antes de ver algo maravilhoso, ela vê uma linda e maravilhosa luz meio branca e azulada e com ela aproximando, ela reconhece o seu anjo, juntos ela sobe, despedindo-se do seu corpo.
A sessão terminou por ali, era hora de ela refletir em todo o que ela ali viu e sentiu, Sara estava incrédula com aquela revelação da sua vida passada. Naquele momento todo mudou nela, seus valores de vida e seus princípios e suas metas.
Eram horas de visitar a sua tia no hospital, ela estava ansiosa a esperando, suas melhoras a dia eram menores, Sara não sabia que deveria contar, mas resolveu contar a verdade do que viu. Era à hora das revelações, a tia sorriu como se algo lhe disse que já sabia que era verdade, depois lhe conta que seu tio a vem visitar e que logo ela irá com ele, mas diz isso sem medo, sorrindo e muito calma. Juntas abraçadas, apenas caiam lagrimas de seus olhos, os seus corações falavam mais que todas as razoes do mundo.
Sara mudou tanto que na hora que ela estava para partir ela já o sabia, ela viu a luz sem estar sobre influência medica, ela viu o quarto ficar cheio de luz e por momentos ela viu algo maravilhoso, um anjo com um livro aberto, a luz que saia do livro era maravilhosa, dentro dele se viam imagens lindas do passado das duas, de repente entra uma enfermeira no quarto, era hora estava tudo preparado seriam poucos minutos que ela estaria ali com ela e sua prima, foram momentos terríveis com os corações batendo forte e a vendo naquela agonia, a morfina já era em doses mais que elevadas ate que seu coração parou. Tudo parou até o tempo, o silencio era mais mortal que a morte que levou a sua tia.
Sara olhou o rosto dela, era calmo sereno, desprendendo a sua mão da dela que ficaram apertadas até a sua partida, ajudou os enfermeiros, ajudou a ela se vestir era o ultimo agrado que lhe poderia fazer na vida.
Apenas tinha mais uma promessa a cumprir, essa apenas será para mais tarde quando Sara já for mais velha, contar a sua historia, ate onde o amor foi resolvido entre as duas, ele foi e como ele foi resolvido. Só o amor é real e talvez seja por isso que uma vez por ano ela sonhe com eles abraçando-a e os vendo sorrindo cobertos de uma luz maravilhosa e resplandecente.
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