- Vê o verde,
vê o vasto verde e as árvores.
A paciência milenar das árvores e o vigor em seu verde,
em ser verde.
Vês?
Nem tudo é verde, e ainda é vigor.
Algumas árvores em grito histérico e seco
retumbam na paisagem com mil braços de galhos,
rogando aos céus pelo verde de outrora,
pelo verde viscoso e cadente, partido.
Dizem que são mortas, essas pedintes.
Perderam a paciência, e a vida foi com as folhas.
É falso o vigor sem verde.
Ou não.
- Aposto que se enfiar uma faca grande
no coração da seca e pálida, sangra.
Sangra seiva, sangra úmido, chora.
Aquela outra, mais verde e exibida,
pode estar oca, louca de cupins.
Parece que até árvores parecem ser,
verde, viva, seca, finda.
Parecem para ser.
- Vê o verde,
ou o que se parece com verde.