Não me digas nada mulher,
Sei que é Sexta-Feira Santa, e que bebi
Me dizem nossa mesa, a garrafa
E esta carteira de cigarros quase vazia.
Mulher, até hoje não soube
Porque me é impossível distinguir
A diferença simples das coisas,
Que só sou um homem
Caido de costas no barro
Por estar imperceptívelmente
Impressionado com a fome
E amar as coisas mais humildes.
Mulher, que te disse, que me fizestes
Que agora tenho nos lábios
Um sabor mais certo que a vida ?
Talvez hoje pudesse falar-te
De todas estas coisas que sabemos
E calamos, porém uma criança te espera
E no momento mais ferido de teu pranto
Eu tenhoas minhas mãos vazias a "Tua Sêde".
Rui Garcia