Se a gente sorri ou chora
É porque ter o coração quente,
Dá vontade de sorrir e de chorar!
Rir e chorar, é condição
Forma luminosa e comovente,
E é no exacto ponto da lágrima/sorriso
Que está o milagre da emoção!
Sorrindo e chorando se vive
Num abraço de consonância casual
Pela penumbra do que não se vê
Tão real e simultaneamente tão irreal!
Confronto nem sempre pacífico
Entre a humanidade e a transcendência;
Desenhando o quotidiano
Com lugares de memória
Milagres da Natureza
Afagos do fado e do vento
Com passos firmes para o desconhecido…
Entre a voz aguda das inquietas gaivotas
E o piar jubiloso dos pássaros
No seu voo indefinido!
Mergulho na metafísica do coração
Nas cavidades onde se esconde o amor,
Que receia ser mostrado,
E surge tímido, frágil, cheio de temor,
Pela vulnerabilidade de se dar
Com fingimentos de verdade,
Nas inquietantes ressonâncias
Das metáforas da vida peregrina
Até à saciedade!
O caminho faz-se num nó cego
Sempre de olhos em riste...
Com mãos afeiçoadas
Num amor excelso!
A vida é sempre um provir e um devir!