E tantos eram, que desequilibrados,
Caminhavam descalços, por estradas esburacadas,
Frias de morte, que lhes trespassava a alma,
Na dor despida de agasalho!
Porém, nos seus corações,
Jamais esmorecia a esperança,
Palavra de alma sentida,
Tão raramente conseguida!
Nos rios que transbordavam
E alagavam os seus campos ressequidos,
Pelas intempéries da miséria,
Na esperança da fertilização,
Em futuras plantações;
Esperança desiludida,
Nos caudais impetuosos,
Que tudo arrasavam!
E da esperança,
Do produto brotado da terra,
Resta-lhes somente lama e desespero,
Do desconforto,
Em corpos desnutridos!
E seguem, de almas feridas,
Corações sofridos,
Pés descalços,
Estômagos vazios,
Caminhando em busca da esperança,
Filosófica e mítica palavra,
De Esperança...
De nada.
José Carlos Moutinho