Paixão? É este fogo abrasador
que arde consumindo-me o sossego,
é bicho que me morde, qual morcego,
e suga todo o meu interior.
Pareço mais um burro condenado
à nora e à sua escravidão,
um pássaro que escolhe a prisão
em vez de voar livre deste fado.
Por sorte a paixão traz a alegria
de ver assim nascer a poesia
que cresce ao mesmo tempo que o desejo.
Se aquela se amansa no papel,
já este não sossega, e cruel,
ataca cada vez que eu te vejo.