O esqueleto, se bem se recordam, depois de ter chagado a casa vindo do reataurante em Braga, teve uma escaramuça com a esposa e nada nos dizia que isso poderia acontecer, pois que no restaurante caíram nos dos ossos um do outro e tinham feito as pazes.
Ele como andava mal, deixou o Restaurante mais cedo assim daria tempo à sua esposa de chegar ao mesmo tempo que ele.
Mas e há sempre um mas, a esposa ficou à conversa com o Presidente da Junta, atrasou-se e quando chegou a casa houve cenas de ciume.
A esposa, farta de tanta ofensa verbal, abriu a porta, foi buscar uma faca (mais uma) e mandou o esqueleto deixar a casa caso contrário ela lhe enfiava entre as costoletas a faca bem afiadinha.
O esqueleto foi-se embora jurando que ela não mais o veria.
Deixou Braga e veio para Lisboa. Quis encontrar emprego, teve muita dificuldade mas encoutrou um lugar numa agência de sondagens e ele que melhor que ninguém sabia que muitos mortos, aos milhares, davam a sua opinião e até votavam, aceitou o emprego.
Sábado, como todos os sábados há a mania do sábado à noite. Discotecas, baillaricos, fado e amor enchem a noite.
Duas horas da manhã, numa ruela da Madragoa.
Clicclacclicclac clicclac.... clic clac......... clic clac..... clac.
-Ó amigo, pare aí!
-Não, não precisa de por as mãos no ar, não sou da policia, faço uma sondagem.
-Céus, mas o que é isto? Eu bem dizia ao meus colegas que já tinha bebido um copo a mais, eles não acreditaram, mas a prova está aqui, estou com alucinações, um esqueleto que faz sondagens, Valha-me a Virgem Maria, não sou crente , mas Virgem, vem me ajudar, gritava o jovem,
-Qual Virgem qual carapuça, você já viu virgens a passearem a esta hora nas ruas da Madragoa? Pensa que sou parvo ou quê?
-Mas....
-Nem mas, nem meio mas, diga lá, você é inteligente? É para a sondagem,
-Sou, sou sim!
-Bom, dois e dois faz quantos?
_Mas para responder a isso, não é preciso ser inteligente!
Clicclicclic, os esqueleto começou a se enervar
-Se eu lhe faço a pergunta, há uma razão, responda lá, quanto faz dois e mais dois.
-Quatro, respondeu o jovem.
-Tem a certeza?
-Tenho.
Qual é o seu curso?
-Economia.
-Então você é instruído mas não inteligente, mas tem razão, os tempos mudaram e as inteligências não são as mesmas. Repare no meu tempo Salazar era professor de economia e ele dizia que dois e dois eram quatro para pagar e para receber eram vinte e dois, aquilo é que era inteligência, hein?
Com o medo que estava, o jovem dava sempre razão ao esqueleto.
-Mas há uma coisa que eu não compreendo, como é que o senhor sendo um esqueleto anda a fazer sondagens?
-É simples, caro amigo, eu sou o esqueleto da inteligência que já morreu há muitos anos e estou interessado em saber como a inteligência está de saúde nos tempos modernos e como sou muito invejoso, não quero que a inteligência de hoje, seja superior àquela dos meus tempos.
-Tenha uma boa noite, jovem!
-Obrigado senhor esqueleto, para si também!
E o jovem lá se foi e pelo caminho ia dizendo, dois e dois vinte e dois, três e três, trinta e três, quatro e quatro, quarenta e quatro,.................
Lá longe, sobre as pedras da calçada, ouvia-se clicclicclicclic... clic...clac.....clic.... clac........... clac.
-Caro senhor, pare aí! é para uma sondagem...
A. da fonseca