Um punhado de Sol.
Um pedaço de Lua.
Um pano de lençol,
pendurado na rua…
Um sorriso fugaz.
Uma cara brejeira.
A bola do rapaz,
na janela certeira.
Um grito, um lamento,
que escuto curiosa.
Um charco lamacento,
na cidade perigosa…
Um polícia que passa.
Um prédio arruinado.
Tanta gente na praça,
pois morreu um drogado.
Um mendigo que pede
um pedaço de pão.
O patrão que não cede.
Carro em contra-mão.
A criança que chora,
rosto na vidraça.
A mamã vai embora.
Um brinquedo sem graça.
O drogado que arruma
a carrinha Mercedes.
A droga que fuma
lê-se nas paredes…
O livro fechado.
O lixo/cultura.
O trabalho acabado,
salário/amargura.
O vestido apertado,
o colar a cair.
O namoro negado,
a mulher a sorrir…
Na cidade que dorme,
à morte resistes…
A pobreza é enorme.
Quem sabe que existes?
Inédito – Maria Helena Amaro
Braga , Dezembro, 2008
http://mariahelenaamaro.blogspot.com/2011/11/bairro-social.html
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