Flashes numa madrugada
Conheci uma Dama que é de respeito
E desde o início falámos assim
Você para cá, Você para lá
Não saímos disto e não avançámos
Que falta de jeito!
Elsa se chama e mais não digo
Porque é de bom tom não tagarelar
Em verdade Vos digo que é de respeito
É muito sensível e amua fácilmente
Muito cuidado me é exigido
Enviei-lhe versos e Musa lhe chamei
Não tenho certezas mas acho que apreciou
De imediato esperei que reagisse
Aguardei resposta mas nada me disse
Para espanto meu, nem se pronunciou
Que faço então com este sarilho
É grande a façanha em que me meti
Muito já disse e também esqueci
Por onde recomeçar o que encetei?
Estou mesmo a ficar sem brilho!
Trato-a por menina, trato-a por Senhora
Num caso apelo à doçura, no outro à mulher
Gosta do que escrevo e faz questão em repetir
Acena-me com palavras lisonjeiras
Minha mãezinha, o que hei-de eu fazer?
Insiste que escreva e que não interrompa
Que continue a mandar-lhe mensagens
Promete guardá-las e interpretá-las
Como se as palavras não tivessem fim
Exige de mim todas as passagens
Ficar tudo assim, Elsa, não posso!
Estou num sufoco que já não controlo
Mantenho-me alerta e sempre esperando
As respostas não chegam e já desespero
Ai Nossa Senhora, juntai o que é nosso
Pus fim ao sono, que falta de senso
Como regressar ao leito e voltar a dormir
Tento saber que manhas usar
E, para terminar, que a noite vai longa
Ajudai-me Senhor, preciso descansar!
Roque Soares
2011/11/03