Sertão triste – de sol fogueira acessa,
crepitando a moleira descoberta,
Terra mal vista por muitos, deserta,
Que expõe todas as dores e fraqueza.
Seco chão, pouco vem dar em defesa
À família sedenta que arfa ao nada!
Gleba triste pelo destino rachada,
As entranhas expondo em natural,
Sua dor - solo márter – sem igual,
Cuja sorte pelo destino é marcada.
Assum preto em lamento cantou forte
Nos galhos do angico bem defronte,
D’arribada bateu asas no horizonte,
Já prevendo a certa e próxima morte.
É retrato da seca que engole o norte,
Calcinando o torrão do romper d’aurora
E o sertão que pela peste o ventre devora,
Arfa no empoeirado solo em cicatriz.
Sertanejo rogando ao céu assim diz:
Que Deus nos socorra sem demora.
Borrifar basta a chuva - Ave-Maria,
Neste chão gemebundo, roto, ardente,
Que o cavado torrão bebe a semente
Em perfeita união e harmonia.
Reza o povo devoto em romaria
Pelo chão que ao calor não sucumbiu,
Derribou Deus a água em grosso fio
Embebendo o mortiço e quente chão,
Não será mais um Lázaro torrão,
Mas um vivo sem fístula - sadio.
Jadson Simões