O sertão relegado por verdugos,
Pois lhes serve de massa de manobra,
Tiram-lhe muito e pouca coisa sobra
Para quem do labor vive mormente.
Os “espertos” têm ganhos facilmente
Pra conforto dos seus muitos prazeres,
Sobejando pra os pobres quefazeres
Na labuta que engorda os poderosos,
Verdadeiros chacais gananciosos
Que mantêm ferozmente seus poderes.
Um sertão que prossegue dependente
De “favores” que vêm por caridade,
Forma de prostrar por necessidade
A quem pouco precisa pra viver
Nesta vida, sem nada maldizer
Do direito que lhe é relegado.
Sertanejo tá sempre aprisionado
A caudilhos que o tratam de demente,
Pois desejam mantê-lo como carente
Para alfim sempre tê-lo subjugado.
Se o sertão fosse por certo cuidado
Não teria desânimo, aflição,
Sertanejo deixando o amado chão,
Onde foi pela mãe e pai criado.
Não teria um sertão penalizado
Com criança em estado deprimente,
Deplorável futuro no presente
Pra deleite de muitos poderosos,
Desumanos, verdugos, mentirosos,
“Coronéis” d´um nordeste dependente.
Não teria panela seca, pobre
Implorando “favores” sem direito,
“Coronéis” o tratando sem respeito,
Porque têm na algibeira muito cobre.
Não revelam o que o juízo encobre
Ao enganar quem trabalha e é decente,
Sertanejo será “sempre indigente”
Pra deleite da classe inoperante,
Senhoril de gravata e dominante,
Num sertão que não é independente.
Jadson Simões