Entardecer
Gritavam as gaivotas na curva das ondas
e tornavam sinistro e magoado
o arenal deserto…
Eu caminhava na orla do mar
e enterrava os pés,
na areia humedecida da maré.
O mar era um braseiro
onde o sol se afogava…
e as gaivotas saltitavam ligeiras
sobre a espuma branca
que as ondas formavam…
Gritavam as gaivotas nas curvas das ondas
e no silêncio feito de magia,
só os seus gritos preenchiam
o espaço deserto…
Nunca mais vi o pôr do sol no mar
e não mais passeei
descalça e divertida,
na orla da maré…
Ficou-me na memória
o grito das gaivotas
que tornavam sinistro e magoado
o arenal deserto…
Fora eu gaivota e iria voar,
naquele entardecer cheio de luz,
sobre a espuma que rendilhava o mar.
Mas não fui.
Mas não irei.
Ficarei para sempre a reviver
a doçura, a paz, a solidão:
- gaivotas a descer
- o mar a estender
- o sol a despedir-se
naquele entardecer…
Gravo a imagem que sempre me prende:
O pôr do sol na praia de Esposende.
Maria Helena Amaro
Inédito, 15 de Agosto 2004
http://mariahelenaamaro.blogspot.com/search/label/Entardecer
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.