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Encontros e desencontros

 
Caminho devagar por uma estrada que parece não ter fim e uma saudade cruel sufoca meu pobre coração.
Meus pensamentos não são companheiros de meus passos, pois estão em outra direção.
Eles procuram o seu olhar mesmo sabendo que não o verá nunca mais.
Você saiu de mansinho e se foi na madrugada fria.
Cansada da vida resolveu seguir seu caminho não se importando com a minha tristeza.
Sem saber o que fazer caminho lentamente pelas estradas da vida na esperança de te encontrar.
Afinal, foi em um desses caminhos onde nos esbarramos a primeira vez.
Eu caminhava, tal como agora, sozinho e triste, de cabeça baixa até esbarrar em você que vinha na mesma direção.
Por estar assim não percebi a forma em que caminhava.
O que deu vida a minha vida foi o seu sorriso.
Você sorriu da minha desastrada maneira de te encontrar.
Rimos da situação e o seu sorriso me encantou.
Foi então que vi o seu olhar.
E ele atingiu profundamente o meu coração.
Como uma flecha veloz e certeira ele cravou meu sentimento e deu-me esperança de viver um grande amor.
Amor este que aconteceu da forma mais sublime já sonhada pelo ser humano.
Encontrei em você a felicidade que sempre sonhei para mim.
Eu era feliz a todo o momento.
Você conseguia transformar meus dias de solidão em momentos de extrema felicidade.
Eu poderia estar sobrecarregado de tristeza que elas desapareciam com um simples sorriso seu.
Era ver seus lindos olhos e toda angústia se dissipava.
Foi nesse exato momento em que me perdi.
Por pensar que a felicidade seria eterna foi que não percebi que seu olhar já não revelava amor.
Aos poucos eles já visualizavam novos horizontes onde eu não fazia parte do seu projeto de vida.
Mas eu não percebi isso.
Continuei na minha vida de ilusão de que jamais você partiria.
Afinal, tanto tempo juntos, tantos sonhos compartilhados e planejados para o futuro não poderiam ser desfeitos da noite para o dia.
Ledo engano o meu. Naquela madrugada fria ao chegar tarde encontrei a porta aberta.
O bilhete não dizia para onde ia.
Dizia apenas que tentaria encontrar outra razão para viver.
Caminho devagar por uma estrada que parece não ter fim.
Meus passos são trôpegos e sem direção.
Quero encontrar-te outra vez.
Pelo menos uma última vez quero olhar em seus olhos e pedir perdão por não ter dado crédito ao nosso amor.
Hoje sei que derramastes lágrimas as escondidas enquanto sofria silenciosamente por amor.
Onde eu estava?
Nas noites envoltas em festas e bebedeiras.
No trabalho envolto em serviço.
O corpo estava junto de você em boa parte do tempo, mas a alma e o sentimento estavam muito distantes.
Você sentiu a solidão mesmo estando ao meu lado.
E, naquela noite fria, não suportando o frio da solidão resolveu partir.
O amor, tantas vezes causadores de encontros, tem os seus desencontros.
E percebemos o quanto a pessoa é importante para nossas vidas quando elas se vão.
Quando você deita e já não sente o calor da outra pessoa envolta em seus braços.
Ai você percebe o quanto aquela pessoa era importante em sua vida.
A rotina do dia a dia vão minando o amor e deixando as dúvidas e incertezas corroerem o amor.
Egoísta.
Eis a palavra que da uma conotação exemplar para o amor que vivia com você.
Um amor egoísta onde eu pensava só em mim.
Nunca parei para me perguntar se você estava sendo feliz.
O que importava para mim era a minha felicidade.
Onde estão seus passos agora?
São mais firmes do que quando estava ao meu lado?
Quero encontrar-te para dar-te o último abraço e deixar que seja feliz.
Meus passos continuaram nessa caminhada até encontrar o meu destino.
Que seja ele um novo amor para viver ou a solidão para refletir sobre a vida.


Odair José
Poeta e Escritor Cacerense

http://odairpoetacacerense.blogspot.com
 
Autor
Odairjsilva
 
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