Becos sórdidos, frios, desta cidade.
Nos alcouces, de luz fraca aclarados,
Corpos probos e ingênuos são deixados.
E o desprezo traduz toda maldade.
É mais uma tragédia - cruel verdade...
Inocente ao léu, eis o teu futuro!
Cortesã a recebe atrás do muro,
A cabloca que não tem esperança.
A miséria deixou-lhe esta herança
Em um mundo impudico, vil e escuro.
O que lhe resta – apenas, o que manda
O freguês que na alcova diz: - Prazer!
Não se esquiva, tem certo a obedecer,
Dá seu corpo singelo a vil demanda.
O ricaço diz: - Mais uma saranda,
Terei por fim carnal - farto desejo.
Esse corpo terá cálido beijo,
Não mais virgem, por fim despudorado.
O ricaço flameja só pecado...
Lacrimeja a moiçola todo pejo.
Foi vendida por mísero metal,
Cujo som não retine lá no céu;
E o seu corpo impoluto atrás do véu,
Preso está a preceitos do carnal.
O prazer por vintém traduz o mal,
Que encarcera um ser frágil e inocente;
Pra alguns “homens” prazer é conveniente,
Pois seu corpo o desejo pede assim.
Infeliz a cabloca implora enfim:
- Não retire o pudor da minha mente!
Jadson Simões