Águas que não se misturam, mas se chocam
Num fascinante espetáculo que a natureza oferece,
Soberbo mistério que o homem desconhece
Encontra-se na magia desse fenômeno chamado pororoca.
Navego meu pensamento pelas águas barrentas do Solimões
E deixo minhas apreensões serem levadas pela correnteza do Negro,
No instante em que ocorre esse cruzamento que é chamego
Os enigmas da vida adulteram sonhos e aspirações.
A incompreensão salta fulminante diante dos olhos
E na aridez do conhecimento o homem exila-se da luta,
Nem mesmo temperando-se os ingredientes da força bruta
Consegue-se esvair dos alicerces espinhos e abrolhos.
Negro e Solimões são responsáveis por essa monumental alquimia
Enquanto a vida do homem produz pororocas eivadas de utopias!