Membro de honra
Usuário desde: 02/01/2011
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Re: [Enfunam-se as velas] P/Henrique Pedro
Entreabrem-se as portas de cedro, o cheiro a resina molhada pelo mar liberta-se ao acaso pelo casco, … querem-se as viagens sossegadas, sem aquelas lembranças em saudades, que o vento um dia transportou.
Caro Amigo e distinto Poeta Henrique Pedro: "Muito haveria que dizer sobre este poema", sim concordo, mas nele tentei inserir alguma da gênese do navegante (ou navegador),aliás faz parte deste minha série de textos sobre viagens, aquele que navegava pelas estrelas, junto à costa, pelas cartas terrestres, astrolábios, quadrantes, nas pesadas naus de 3 mastros, onde, no mar desconhecido, dormiam monstros jamais vistos,adamastores, mas que deram "outros mundos ao mundo". Hoje são quase desconhecidos, até mesmo renegados, restam as estátuas. Por outro lado, em minha opinião a Poesia contemporânea, a que se expressa na nossa Língua, em particular, vive num impasse, os grandes movimentos inexistem, o Poeta começa a ser um solitário, os grandes Poetas e Poetisas ou já morreram, ou não escrevem mais (Herberto Helder por exemplo), e a renovação tarda em aparecer.Não quero com isto dizer que não existam fabulosos Poetas por aí que se expressam nesta nossa Língua, nada disso, apenas acho que falta algo, não sei. Interessante pois quer em Portugal, quer no Brasil, ou em outros países da Lusofonia, são os prosadores que presentemente dão as cartas, José Saramago teve continuadores. Esta Língua em que nos expressamos tem uma vantagem, é melódica, carregada de palavras que nos fornecem as imagens, o sentimento, a descrição, funcionam quase como um fado, um samba, uma dança em África ou no longínquo Timor-Leste, é isso que eu tento explorar. Algumas vezes sai bem, outras não. Já me estendi demais, peço-lhe desculpa por tal.
Agradeço-lhe o comentário, as palavras, a análise, por gostar. Obrigado.
Abraço-te
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