Cambaleio nas areias do deserto de mim,
Em inconsequente estado de loucura,
Nestes dias tristes de cinza,
Sob nuvens tatuadas de tempestades,
Que se esbatem,
Na calmaria do oásis de bonanças,
Nas ilusões de verdes esperanças,
No querer do meu sentir,
Que me navega no âmago
E na emoção do meu ser,
Pensa-me em doce sonho,
De que este sol escaldante,
Derreta a frieza das noites sofridas,
Pelo abraço azulado dos luares,
De estrelas cintilantes e guias
Dos caminhos de inflorescentes plátanos,
Onde repousam aves,
De encantadas cores e de chilreios
De incontida alegria,
No despertar da aurora de cada dia,
Fazendo deste espaço cósmico,
Um mundo diferente,
Nos arco-íris do deslumbramento
Tal Zeus, no dorso da águia-real,
Aconchegado nas suas asas,
Sobrevoo vales e montanhas,
Invento mares insondáveis,
Deixo-me voar...
Voar até ao Infinito.
José Carlos Moutinho