23 horas e 59 minutos do dia 31 de Dezembro.
Algures, no planeta.
2011 prepara a mala para ir de despedida. A mala era uma mala especial, era um luxuoso caixão.
Ele passou 12 meses muito doente e sentia que os últimos minutos de vida estavam a chegar.
Num dos cantos do caixão ele acomodou tudo o que lhe pertencia; os maus momentos que foram muitos, os desgostos por saber que não viveu com harmonia nem paz nem amor, muitas pessoas o detestaram e estavam desejosos de o ver partir.
Quantas vezes ele ouviu dizer, maldito Ano este, espero que o Novo seja melhor, este ano, foi um ano de mudanças, mas para pior, e 2011 andava triste, doente, mancava mas havia também os que diziam que tinha sido um bom Ano, que lhes tinha trazido a crise e que com ela tinham visto aumentar substancialmente as suas riquezas e esfregavam a carteira de contentes, dizendo: Esperemos que no Novo Ano de 2012 nada mude!
As 24 horas do mês de Dezembro estavam já próximas; 2011 preparava-se para meter o primeiro pé dentro do caixão e eis senão quando...
Tlim tlim tlim tlim
2011 olha em redor e vê chegar em grande pompa e circunstância uma grande Limusina, toda enfeitada, música bem forte que invadia todas as casas.
-Olha quem ele é, disse o 2011, então? Chegas-te com vontade de fazer melhor do que o que eu fiz?
-Espero bem que sim, pois que tu foste um ano de desespero para a pobre gente que esperava mais de ti e que fizeste tu? Nada de bom! Eu vou fazer melhor do que tu, vais ver.. bom... bom é uma maneira de dizer, pois que te faltam só alguns segundos para morreres.
-Pois, eu quando cá cheguei, também disse o mesmo que tu, mas não consegui fazer algo de bem, quando eu tentava alguma coisa para agradar, havia logo protestos que davam direito a guerras. Quis dar abrigo a tantos pobres, logo fiquei mal visto e muitas mais coisas que tenho vergonha de de contar, não te quero fazer perder o moral, mas desejo-to imensa coragem para fazeres algo de bem a este pobre povo, que muito tem sofrido.
-Conta comigo, respondeu 2012
Dim-dom, dim-dom, dim-dom, dim-dom
Os sinos anunciavam a chegada do Novo Ano, o tão esperado 2012 e nesse preciso momento. 2011 caiu dentro do caixão, 2011 tinha acabado de morrer.
As janelas se abriram e os habitantes vieram para a janela festejar a chegada do 2012, ouviam-se as rolhas das garrafas de champanhe para alguns, para outros um pouco de vinho branco fazia o que podia, os beijos e os desejos de um Feliz Novo Ano ouviam-se para todo o lado, 2012, contente por ter nascido, acompanhava do olhar o povo que cantava e dançava nas ruas com a esperança que tudo iria correr melhor a partir daquela hora, mas começou a chover e todos entraram nas suas casas, deixando 2012 entregue às suas esperanças, mas nessa noite... choveu!
A. da fonseca