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Nunca Aprendi a Voar

 
Quando eu era criança, certa vez encontrei um pássaro caído no chão.
Ele não poderia mais voar.
Eu segurei o pássaro em minhas mãos, eu derramei minhas lágrimas pela doce melodia que nunca mais seria ouvida.

Nunca aprendi a voar.

Com as mão sujas eu cavei um buraco e delicadamente pus o pássaro para dormir na terra:

uma ferida na lama manchada de lágrimas.
Minhas lágrimas eram chuva enquanto eu revelava os segredos de uma árvore.
Uma cruz da casca para falar através dos grãos de madeira:

"nunca aprendi a voar"

Eu cantei uma canção que minha avó costumava cantar para mim quando eu estava doente e de cama.
Então eu amaldiçoei aquele dia por me mostrar minha própria mortalidade
pois então eu soube que tudo o que vive um dia fica frio. Frio e morto.
E agora o tempo se foi sob minhas asas.

Isso é passado, estou mais velho agora, mas ainda não me esqueci daquele dia chuvoso.
Eu me infureci contra os momentos finais, apesar de que um dia, em breve, meu filho vai talvez achar a árvore que deixei sem pele.
Nenhum balanço jamais subirá em seus membros podres.
E quando chegar meu dia de morrer, eu quero descansar ao lado daquele pássaro.

Nunca aprendi a voar.
Quando eu era criança, certa vez me encontrei morrendo no chão
e agora nunca vou... voar...

 
Autor
Felipe.
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