sou
para o outro
este corpo esta
voz
sou o que digo
e faço
enquanto passo
mas
para mim
só sou
se penso que sou
enfim
se sou
a consciência
de mim
e quando
vinda a morte
ela se apague
serei o que alguém acaso
salve
do olvido
já que
para mim
(lume apagado)
nunca terei existido
Ferreira Gullar, in: Em alguma parte alguma, p. 69, José Olympio Editora, 2010.