Saúdo-Vos Amigos de todos os tempos, amigos de um tempo que não cesse nunca
para que não me sinta só mais uma pessoa a caminhar descalça.
Caminho mas num andar brando quase inanimada, sem força nas pernas , nem a força necessária no corpo, para poder avançar.
Esforço-me mas não sei como chegar, sem pisar as mesmas pegadas que já foram varridas pelo tempo há tanto tempo.
Amigos que me vêm sem me saberem de outro lugar, que não o das palavras que escrevo,
vêm além delas mesmas, ou então, além de mim neste plano onde o abandono se fez lugar
e o esquecimento se fez pesar na minha mente.
Tento alcançar a longevidade, doação desde todos os tempos mas não sei onde me encontrar.
Tento lembrar todos os eventos que tiveram lugar, num outro lugar e não alcanço esse lugar
Porque nada me diz nada, não sei como conseguir chegar.
De que vale ter olhos e não ver, ter pernas e não andar, ter corpo e não se saber movimentar,
ter os sentidos todos, e não saber como usufruir dessa dádiva de todos os tempos.
Tenho medo de cair, e caio tantas vezes quantas as que me fizeram chegar.
Tenho medo de andar e ando tantas vezes quantas as que me fizeram partir.
Só sinto medo:
medo de perder o andar
medo de perder a fala
medo de perder a visão
medo de perder a sensibilidade necessária para o prazer desmedido que me faz ser ainda alguém pronto para aceitar a vida e tudo o que quiser ser, ou não ser, mesmo sem conseguir caminhar.
Saúdo-Vos, amigos