O presente que guardavas para mim
E trouxeste escondido, muito bem
Encerrado no canteiro do jardim,
Era a flor embrutecida do desdém.
Tinha cor encantadora, tinha viço
E o olor que inebriava o sentido,
Mas, plantada em terreno movediço,
Era o visgo, o avesso, o perigo.
Estendi o braço e a mão para roubá-la,
Mas a ponta perfurante d’um espinho
Impediu-me de findar o meu intento.
Dessa forma, antes qu’eu colhesse vento
E a má sorte me agarrasse o colarinho,
Deus mandou-me essa dor para evitá-la.
Frederico Salvo