Não tenho a compreensão exata para definir qualquer tipo de pessoa. Ou melhor, tenho um termo que se aproxima do que por ora me questiono: Efemeridade. Pessoas são efêmeras. Como as rosas também o são. Não há como rotular, qualificar, quantificar. Pessoas não são para sempre, e nem mesmo são as mesmas para sempre. A mudança é ciclo natural da vida. De qualquer tipo de vida. Ciclo que nos faz viver e amadurecer, para alcançarmos uma finalidade comum: Evolução. Uma vez ouvi que por vezes é necessário morrer mediante pequenos sacrifícios para abraçar o silêncio das sombras, conhecer o dialético movimento de vida e morte, e também, o movimento de ressurreição, para a compreensão que a morte precede à vida, o outono à primavera, a semente à flor, a superação à conquista. O vocábulo ressurgir, desvencilhado de seu significado e carga espiritual, significa surgir de novo, voltar à vida. Renascer para algo. E para que isso ocorra, é necessário movimento, mudança e efemeridade. Porém, as pessoas não mais primam por viveram uma existência de descobertas, conquistas e alegrias. Não mais primam por viverem faticamente suas vidas, mas sim, optam por contracenarem vidas que nem de longe lhe pertencem. Procuram a todo o momento mostrarem-se renovadas, e vivem, num mundo inexistente, num ritmo descoordenado, mudando: conceitos, valores, pessoas. Mudam seus hábitos, seus comportamentos, seu ciclo de amigos, suas prioridades, suas crenças. Mudam, e muitas vezes sem saber para onde caminham e aonde querem realmente chegar. Muito me assusta a idiossincrasia dos indivíduos, ou seja, muito tenho percebido que a inconstância do temperamento especial de cada indivíduo se dá, principalmente, pela massa volvente e alheia de influências sobre ele exercida. Tenho percebido que esta efemeridade se dá por fatores externos e alheios à vontade própria de cada ser, e por uma pressão massiva da cultura do ser e do ter. Por este motivo, fica o questionamento: não estamos atropelando o ciclo natural da vida, e tornando um ciclo contínuo, tempestivo e sincrônico num ciclo ultra rotativo e descompassado que não nos leva a lugar algum senão à problemas existenciais, como a frustração? Vale a pena mudar toda a sua realidade, e o que você realmente acredita, para fazer parte de uma ficção, de um roteiro pré estabelecido pela vontade alheia, tornando-se fantoches da pressão da sociedade, que não nos traz momentos que realmente fazem a nossa vida valer a pena? Ou melhor, vale a pena sermos tão efêmeros? Não que não devemos ser, mas como diziam os antigos, o menos, muitas vezes quer dizer mais. Menos efemeridade, mais plenitude.
* Cássia acredita que ainda existem muitas pessoas que levam consigo a essência e que as máscaras são cárceres.
Cássia Montouto.