NOITE DE UM INVERNO
DE REPENTE, SINTO QUE ESTOU TRISTE.
TRISTE PELO QUE SOU,
TRISTE POR TUDO QUE NÃO FUI.
MAS, NÃO ME ABORRECE
ESSA TRISTEZA, QUE VEM
E QUE FLUI ATRAVÉS
DO CINZA-AZULADO DA FUMAÇA
DO CIGARRO, PROJETADA NO TETO
MAL PINTADO DE MEU QUARTO.
O SILÊNCIO AMIGO QUE HABITA
MEU APARTAMENTO
DIVIDE COMIGO O FRIO DA NOITE,
QUE TAMBÉM SE VAI.
PENSO EM VOLTAR, PENSO EM PARTIR,
EM ESTAR CONTIGO,
EM DIVIDIR ESSA TRISTEZA
A DOIS…
QUE GRITA DENTRO DE MIM,
DENTRO DO QUARTO QUIETO,
FRIO, DE AR VICIADO
DE TETO MAL PINTADO.
VEJO AS MARCAS INCERTAS
DO PINCEL,
COMO A ARRANHAREM
TAMBÉM DENTRO DE MIM
A SAUDADE DO QUE ERA
E A ANSIEDADE DO QUE SERÁ.
FECHO OS OLHOS,
MOLHADOS
E PENSO NUM POEMA QUE FARIA,
SE MEUS OLHOS MOLHADOS
NÃO ESTIVESSEM CANSADOS,
FECHADOS,
TENTANDO ESQUECER
ESSA TRISTEZA….
Livre-pensadora, livre-sonhadora