Manhã de Natal
O silêncio pesa na rua, as fachadas dormem
Ao longe o barulho de um carro
O gato dorme também silencioso
Apenas o ruído do meu pensamento
Abala a quietude deste momento
Se a chuva caísse diria cheira a Natal
Mas o sol teimoso abre-me os braços
Assim a vida os abrisse aos que sofrem
Diria que o Natal se tinha desfeito de embaraços
O silêncio continua a reinar
A minha filha dorme no outro andar
E eu escrevo, mas para que escrevo afinal
Se hoje é manhã de Natal
Que me importa a mim se alguém tem frio
Ou se alguém se despenhou no vazio
Não, não me peçam olhares ternurentos
Num só dia
A minha filha quando acordar sorrirá
O gato tranquilamente acordará
Até as fachadas abrirão os olhos
Delas a vida transbordará em molhos
Uns de um doirado vistoso
Outros de um castanho rugoso
Eu comodamente fecharei o caderno
Esquecerei que este é um dia de Inverno
Dia de Natal
Caminharei apressada pela rua a fervilhar
Irei de encontro a quem está a passar
Mas não o olharei.
Afinal é ou não dia de Natal.
Afinal depressa me esquecerei
E o mundo pelos vistos continuará mal
Eu estranho que um dia também morrerei.
Antónia Ruivo
http://porentrefiosdeneve.blogspot.com/
Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.
Duas caras da mesma moeda:
Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...