23 de dezembro. Mais uma menstruação que chega; marquei no calendário – como sempre. E como num filme de “Sessão da Tarde” que se repete, um “Lagoa Azul” que já vi quinhentas vezes, sempre aquela mesma história: muito fluxo, incômodos, dores na lombar e cólicas infernais.
Meu marido, sempre paciente, às voltas com um comprimido e uma bolsa de água quente para me acalmar. E haja saco para agüentar uma mulher assim! Do-in, Reiki, orações, pajelança – faz-se de tudo para que passe a dor de uma cólica menstrual. Às vezes penso mesmo em arrancar meu útero de dentro de mim. Quem me dera o pudesse por mim mesma!
Depois que o “filme” deu uma trégua, respirei fundo, virei para ele na cama e disse: “Tava aqui fazendo as contas e, arredondando, sabe quantas vezes você já me viu menstruada? Respondi depois de seu balançar de cabeça – “nada menos que 96 vezes nestes oito anos de relacionamento.” Ele, já acostumado com meus papos de “tamanduá-bandeira”, deu-me uma bitoca e virou-se para dormir.
E eu fiquei a pensar que aquilo também é amor. E me peguei pensando no porquê de precisarmos tanto definir o que é o amor. E mais: qual sua intensidade. Isto eu amo mais, aquilo amo menos. Qual instrumento usamos para definir estes parâmetros de “mais” e “menos”, “pouco” e “muito”?
Deixo meus pensamentos voar no programa sobre o Tibet e, mais especificamente sobre uma cidadezinha chamada Nagarkot, de onde se vê o mais lindo alvorecer do sol do mundo. Nesta cidade não havia água potável há bem pouco tempo atrás e os habitantes traziam água da floresta para seu consumo. Vivem basicamente da agricultura e do turismo, sem os quais praticamente sucumbiriam economicamente. Mas eles têm o mais belo nascer do sol do planeta. Palavras deles afinal. Mas quem vai discutir com alguém que consegue ver o Himalaia de praticamente todos os ângulos da cidade? Eu não teria esta coragem. Eu senti emoção de ver tudo que vi na TV; imagine se pudesse estar lá pessoalmente. Acho que isto também é amor.
Há esta altura já havia perdido o sono; pus-me aqui entre vós e é para vós que escrevo . Vocês que são o receptáculo de minhas palavras cruas, nuas que se transvestem em regras gramaticais. Ou nem tanto, posto que pouco estudei para isto e pouco me preocupo com isto aliás; se escrevo bonito, por vezes, garanto que não é para impressionar – é minha alma que busca os arabescos dentro de mim. Dou-me a vós. Isto é real. E sangro. Sangro ao escrever porque derramo-me sobre o papel. Sim! Sou das antigas. Escrevo no papel quase sempre...um esboço. E depois desenvolvo na mente e passo para o computador.
O Natal é colorido. Mas basicamente o Natal é vermelho. E o que o vermelho diz a você? Paixão? Sangue? Morte? Laços de fita? Não sei...tantas coisas...
Meu ano de 2011 foi tão diferente. Um marco em minha vida. Tantas coisas deixadas para trás. Tantos armários arrumados. Tantas “roupas” recicladas. Tanta vida.
Realmente não gostaria de deixar mensagens de paz, saúde, prosperidade, amor e blá-blá-blá para vocês. Isto todo mundo diz. E como boa excêntrica que sou, não gostaria de ser igual a “todo mundo”. Poderiam pensar: “Quanta prepotência!” E eu concordaria...muita prepotência...E é no balanço do ir e vir, do sobe e desce que falarei e falo aqui de forma tão diferente e tão comum aquilo que todos já sabem – sobre o amor.
Sem definições e medições possíveis, o amor existe para ser vivido. Em cada respiração. Em cada expiração. “Definir” o amor é o mesmo que matá-lo; numa tentativa ridiculamente idiota, é verdade.
Saibam que sinto “o que não sei definir” por todos vocês. Saibam que todos vocês sentem “o que não sabem definir” a todo momento de suas vidas. Simplesmente porque “o que não sabemos definir” já existia mesmo antes de sabermos que estávamos vivos.
BOAS FESTAS!
Faze o que tu queres será o todo da Lei.
Amor é a Lei. Amor sob Vontade.