Se fosses um violoncelo
E estivesses assim, colada a mim,
E os teus cabelos fossem as minhas cordas,
Se o teu corpo estivesse colado ao meu, nas minhas pernas,
No meu peito, e os meus dedos percorressem a tuas cordas,
As notas arcadas sairiam assim, mesmo sem a resina no arco,
Pois o meu ardor arde tanto que sem nada eu faria vibrar o teu coração,
No meu, onde viste poisar, qual sinfonia nova, qual uma nova canção
De amor, de Amor verdadeiro e sincero que cresce num hino de esperança,
Nasce uma nova sonata, que pinto nos meus dedos, correndo essa memória
De em ti tocar, lá dentro, mesmo estando cá fora, mas onde sei que brilha
A minha luz, acesa pelo teu olhar que se cruza com o meu e onde me amarro,
Qual barco na tempestade que no cais procura abrigo e assim fico na tua história!
Quando me sinto assim, em ti, perdido, e em ti me encontro, procuro
Por nós, procuro pelo teu sabor a mar, procuro pelas estrelas dos teus olhos,
Sempre a brilhar, quais faróis numa falésia a avisar que sem rumo
Posso naufragar e me perder dando-me a direcção do teu
Caminho para te encontrar e em ti ficar calmo, sereno
E sossegado, mesmo que a tempestade custe a passar…
Se fosses uma música nova, onde pudesse
Entrar, com a minha alma nua,
E as tuas notas pudesse
Tocar, seria eu um poema
Seria eu a música,
Seria eu,
Outra vez