Sentados frente a frente, desfrutando do prazer daquela amizade, que nada doía. Compartilhavam tudo e assim lhes parecia mais fácil, pois estavam no mesmo barco. Eis que segue:
- Tenho discos, livros, filmes e alguns rabiscos.
- Tenho vícios de linguagem, rimas pobres, desconexas.
- Tenho uma estrada torta alagada por lágrimas.
- Tenho um pouco de Alice, Werther, Hamlet e alguma persongem de Clarice.
- Tenho um pôr-do-sol para cada dia de tristeza.
- Tenho sorrisos das crianças, que fazem meus lábios abrirem em dança.
- Tenho um outono vivo (eu vivi!), e uma lembrança de que parti.
- Tenho um amargo agosto, que se estendeu.
- Tenho um orgulho, que adormeceu.
- Tenho um mundo, e não tenho nada.
- Tenho um coração, pedindo pousada.
- Tenho amor, perdão e medo.
- Tenho noites em claro, que sofro em segredo.
- Tenho uma fé, atrasada.
- Tenho uma cicatriz. Profunda.
São filhos da modernidade, jovens amargurados, poetas do amor puro. Eles não encontram o caminho para casa, se o coração não tiver conforto.