CIDADE DE PAPEL
Autor: Carlos Henrique Rangel
Te quis encontrar como
No cartão postal...
E não te vi igual...
Nada era o que foi
O que vi
O que vivi...
Tudo mudou
E nem mesmo sei
Se para pior...
O Cartão postal...
Doce mentira colorida
Não te mostra como
Na verdade é.
O prédio se despiu
da bela tinta
e vejo suas entranhas
desavergonhadas...
O cheiro da rua
lembra as imundícies
cravadas na sarjeta...
O postal lindo, Colorido
Não tem cheiro
Ou tem: cheiro das lembranças
Passadas...
Passaram...
A realidade
É mofada e enrugada... Com eu...
O povo me parece triste
Ou apressado
Ou ambos...
E eu... Desvio
Para não ser contaminado...
Será tarde?
Serei saudosista do que foi
Ou será que nunca foi?
Eu inventei?
Mas o postal me diz tanto...
Ele não mente
aos meus sentidos...
Nos ruídos dos vivos
Vejo o monstro do futuro.
Quase não sinto o chão
acarpetado de sujeira
E os veículos desfilam
como donos do mundo...
Me escondo no hotel
E na escuridão do quarto
Observo a cidade de papel...
Agora sou feliz...