Sinto a sombra dos meus passos
percorrer-me os pensamentos ...
Noite e dia, hora a hora
levo a Alma no meu peito
embalada na Saudade.
À noite, a morte adormece junto a mim,
vejo-a no espelho extensa como Eu.
Seu leito é o meu,
suas mãos as minhas
em cruz sobre o peito.
Meu corpo é a "urna" dessa Alma ...
Roço as tábuas que me fecham,
espero e sonho com um novo despertar.
É Triste este Nocturno
que me corre todo o corpo!
Oiço uma voz e adormeço ...
Ninguém me entende
mas aceito esse meu Fado ...
Que um dia, um dia hão-de dizer:
"- Afinal era Poeta!"
Mas aí tarde será! Terei partido ...
Ricardo Louro
Outeiro
(monsaraz)
Ricardo Maria Louro