Saímos a correr daquele cabaret perto do Cais Do Sodré.
Éramos nós numa longa corrida até ao sítio menos movimentado daquela Lisboa ao sábado, riamo-nos perdidamente durante a caminhada, os nossos ecos passeavam connosco pelas ruas intermináveis, os nossos sapatos não percorriam as pedras da calçada, eram dignos e vagueavam nas nossas mãos.
Enfim, paramos. Pararam os risos, os suspiros e os respirares fundos.
Sentamo-nos nas escadas e aconchegamo-nos um no outro.
Amo-te, disse-te.
Abraçaste-me.
Mordeste-me a orelha e eu tremi no interior, como faço sempre.
Fez-se silêncio.
Pousamos os olhos um no outro, levantamo-nos.
Demos as mãos e corremos mais depressa, para além das noites movimentadas de Lisboa, para além das pedras macias da calçada que nos faziam cócegas nos pés, para além das pessoas que riam, bebiam e fumavam.
Para além do que é vivo, morto e fim.
Fugimos… só para nós.
les fleurs mortes.