É dezembro, mês de ânsias, de vésperas... E aquele dia vai chegar sim, mas não já! Falta ainda uma curta travessia, que para alguns será crítica: será o seu tempo [escrito] de sucumbir. Estes, caídos no derradeiro trecho da trilha, não verão a luz do "Dia de Ano". Mas para os que virem aquela luz, o "Dia de Ano" será como uma lança a lhes furar o inflado balão do peito cheio de ilusões à-toa.
Dezembro: mês em que eu queria ficar sob um pedra grande, isolado de todos, numa hibernação que me desse paz... até quando chegasse o novo "Dia de Ano", simbolizando o fim da loucura, das artificialidades iluminadas, das falsidades, das amizades que nunca o foram, dos votos fúteis que nunca se realizaram; a custo aprendi que de nada adianta desejar felicidade aos outros, já que, réis coados, todos estamos a sós diante das esquinas da vida.
Sob a pedra, eu espero chegar o tal do "Dia de Ano", mato até a esperança de ter esperança! Sei bem que será aquele dia neutro, o não-dia que a minha mãe falava, o singular de onde a gente não avista os outros dias, o umbral do ano vindouro, a porta aberta para os meus erros que lamentarei no outro "Dia de Ano", e não neste que vem vindo agorinha. Eu sou eu só nas minhas autocomiserações.
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[Penas do Desterro, 13 de dezembro de 2011]