Todos os horizontes são vagas imprecisões, de um desejo maior. Paralelo a estes, está a vontade inabalável, embora ainda incipiente, para ir-se de encontro à sua finalidade: seremos capaz de assumir um sonho, dentro de uma realidade provável, quando, saídos do pensamento almejado, atingirmos o seu não retorno, assumindo responsabilidades e cuidados a ter, agora que tomámos em mãos, as nossas acções? Todos os horizontes são passíveis de credibilidade, assim o sonho, o mesmo com a razão. Ambas as coisas são, no entanto, como que sopros indefinidos, que fazem uso do tacto, para se experimentarem, explanando as suas imensas nuances. E é precisamente isso que falta ao Homem: um golpe de asa, uma convicção, um suporte, enfim, que vá sustentar – sem recuos mas flexível o bastante, para saber que nunca nada é definitivo nem permanece intocável, por muito tempo – a opção tomada, e, partindo daí, aceitar tudo isso como um ponto de viragem, para o que há de advir, salvaguardando a acrescência do ímpeto inicial, promovendo a sua licitude, sem excessos nem traço rígido, mas certo de si e sua condição irrepreensível, que vai muito além, para já, da linha demarcada e põe horizontes nos olhos.
Jorge Humberto
25 de Setembro, 2004