É doído ver o circo pegando fogo.
Os Palhaços, tão divertidos, assados.
Vê a Malabarista ardendo o corpo
Juntamente com as Línguas de trapos.
É doído, sim senhor,
Vê tudo se consumindo,
Sem controle do Domador
Que fica só assistindo
Uma arena de leoninos,
De éguas e outros bichos,
Se destruindo, se destruindo...
Arde o pirotécnico show
Nas lonas multicoloridas
Destruídas, derruídas...
Na natura nada se perde
Tudo se transforma e acaba.
Porém uma fortaleza desaba
Quando se perde o alicerce.
Parece que o sonho se acabou,
Que estão fechadas as cortinas.
No entanto não para as palhaçadas,
Mas, curiosamente, para a poesia.
(Se bem que são circenses essas linhas)
E o público pagante estarrecido
Diante do excelso espetáculo
Que, ultimamente, é diário
Patético, sem nexo e ridículo.
Eu, por mim, fico a fazer versos
Vendo essa gente sendo aquecida
Pelo fogo do quinto dos infernos.
Se me é permitido: Sapeco gasolina!
Eu, por mim, coloco espessas lentes
Quando ouso pisar neste recinto
Onde estão a tostar as serpentes,
Alguns ruminantes, cabras, cabritos...
Eu, por mim, fico a rir e a gargalhar
Das desgraças tantas e das desventuras.
Afinal é melhor rir do que chorar.
Apesar disso não ter graça nenhuma.
Gyl Ferrys