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Gê Muniz
DESCONSTRUÇÃO
por meus membros contraditos
.........por minhas células que se renovam
........................ou se autodestroem:
....distribuo pés...........contra o solo
em que,.......feito a flor mais comum,
..............desconstruo-me
..............e............ m u l t i p l i c o-me
.........replico-me..........em furta - cores,
.........em talos rebentados
..................do umbigo
..................n’um balsâmico perfume
.................................espargido...
............................a natureza
.............verte o cálice dessas pétalas de corpo
.............em utopias me........desramam
.............................ou tanto,
.............................pelo avançar das horas,
....................em flamas
....................de história,
.............................me corroem
...............a cada minuto findado
.........................sou eu mais
.................................(in)completo,
.................................(in)converso
...............ao todo.....do meu ser
sinto o quão bom é
.................consentir-me
.................em ceder ao que me desconstrói
...............ao que, aos poucos, vai e não me .......resta
...............ao que se me desmancha
..............em mechas
..........gasosas ao ar, tornando-me o conteúdo
........................da atmosfera que aspiro...
...................não sei se sinto-me menos,
.......................se minto-me mais
...................em assim........perder-me
......ou se,.......simplesmente, viver
......é o ato......de entregar-me
......às veleidades d'um mar
.........................mesmo estando-me a velejar
.........................em mim
- Gê Muniz -