confessinário no caderno
diário do eterno
é arido e sereno,
limpo como o azul do céu
cá voo, cá rastejo
cá sou só eu, em pleno
cá vejo mil desejos
e sei que nenhum deles é meu
aqui revejo imagens sem imagem
como raios sem voltagem
sao miragens neste véu
aqui nao tenho nome nem idade
nao há comos nem há quases
há um coraçao que bate
num peito que morreu
sujeito ao provérbio mais antigo
como o sábio que é mendigo
ninguem sabe quem sou eu
desfeito em pedaços de memória
a vinte passos da vitória
derrotado pela historia
que ninguem leu
pretérito imperfeito
de uma carta que aqui deixo
sem abraços e sem beijos
sem olá e sem adeus
eu vim para deixar marca sem que vejam,
ser a estaca que nao fraqueja
por mais fraco que eu esteja...
por mim e pelos meus.